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A Nossa história

A Casa da Rua de Lagoa 62-66

 

A casa foi adquirida pelos avós Miguel José Fernandes Potes e D. Rosa Ignácia Perdigão da Câmara Manoel Potes aquando do nascimento do seu filho Miguel Joaquim, em 1913, para moradia em Évora pois até então residiam na Herdade da Oleirita – Concelho de Arraiolos, onde se situava o assento de lavoura. Para além da moradia familiar e garagens tinha anexo uma adega e destilaria, um amplo quintal com cerca de 1000 m2, nora e tanque de rega, jardim e pomar, cavalariça e casas para o cocheiro, o Ti Cravinho, / motorista, Sr Manuel e para o hortelão, o Jaquim. A Antónia Branco, cozinheira, morava na rua do Mira. Durante a 2ª Guerra ainda os avós aqui tiveram duas vacas para produção de leite. Como entretanto foram adquiridas as casas adjacentes, o 68 e o 70 da R. de Alagôa, foram os meus Pais para aí viver na década de 40, depois de já terem residido na Quinta de S. José do Cano e no Moinho do Brito nos anos 30. Havia uma ligação interior entre as duas residências que era trancada todas as noites com pompa e circunstância assim como também eram todas as noites entregues as enormes chaves do portão grande pelo hortelão à Sesulpina, que era a criada grave da avó. Morando paredes meias ( as minhas irmãs dormiam mesmo na casa grande), era natural que todos os dias um dos netos fosse escalado para ir almoçar ou jantar com os avós – uma grande escola de vida. Também em meados dos anos 50 o avô começou a ter falta de vista pelo que a lavoura foi dividida pelos filhos: A mãe ficou com a Quinta de S. José, Amoreirinha, Almansor e Alcarou enquanto o Tio Miguel ficou com a Oleirita e Serra de Lebres. Todas as tardes um de nós, netos, ia ler o jornal ou um livro para o Avô. Recordo-me igualmente de o acompanhar no seu deambulismo pelo corredor enquanto rezava diariamente a via-sacra ou de o acompanhar à Quinta ou à Missa, no trem ou no churrião ou, mais tarde, no automóvel conduzido pelo sr. Manuel. O nosso relacionamento com os Avós era diário, mais que não fosse para lhes ir pedir a bênção, ou ter de ir pedir desculpa de alguma das asneiras feitas no quintal mas aí um tratamento vip da Avó Rosa fazia-se sentir através da ‘menina dos cinco olhos’, uma simpática palmatória, fada de madeira que metia respeito e estava guardada numa gaveta do quarto de vestir. Depois da avó ficar viúva, em 1965, passou a ter televisão o que prolongava a hora de encerramento da porta de comunicação e nos permitia partilhar os serões. Em 1968 a avó também faleceu e fomos morar nessa casa enquanto a nossa anterior ficava para o Tio Miguel. Muitas tropelias se faziam naquele quintal, desde corridas de bicicleta e outros jogos, acompanhar os avós, ler ou mesmo tomar banho no lago dos patos (embora muito baixinho). Trepávamos pelas árvores e tínhamos mesmo um caminho secreto da nossa varanda para este quintal, desde que o Joaquim não visse e fosse avisar a Avó… Fazíamos funerais aos pombos e pintainhos mortos que fossemos encontrando (os cães de caça do Avô às vezes fugiam da cavalariça e pátio e iam fazer as suas razias. No escritório do Avô existia uma caixa com tabaco em onças que alguns dos meus irmãos e primos mais velhos de vez em quando iam visitar. A autorização oficial para fumar era só a partir dos 18 anos de idade.

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